04 dezembro 2006

simples assim

muito do comodismo se incomodou
muito do incômodo se silenciou
muito do silêncio se repetiu
muito da repetição se afogou
muito do afogamento se aprofundou
muito da profundidade se perdeu
muito da perda deixou saudades

30 novembro 2006

paisagem interna

sob olhar ofuscado por lágrimas
estão as mãos que pressionam o rosto
o tempo é concedido em proporções lentas
ela chora

sob nuvens de lascas memoriais
estão pernas cruzadas que sustentam sua individualidade
uma menina na grama e um caderno vazio
ombros baixos

com suas palavras
queria alcançar o tato e o paladar
pois o que sente tem textura e sabor
ela apenas chora

então, o sono contrai o corpo
mas não sacia o cansaço

o que te fere menina calada?
volte a ouvir o som das cores!

10 novembro 2006

retrato do que estou sentindo

o sofrimento estava próximo da gente,
mas éramos alheios a ele,
até que ele morre

como um finco
não consigo fugir das memórias
das conversas, das queixas
dos choros, das histórias
“os lutos, não podem ser esquecidos por ninguém”

o choro volta como um vulto dentro de mim
e se expõe

agora o sofrimento está em nós
sofremos
a morte é amarga para os que ficam
ainda mais porque ele era amigo presente

as ultimas palavras do Lelê pra mim:
“que bom que você veio aqui, Deus te abençoe no teatro”
dei-lhe um beijo na testa
naquele quarto daquele hospital

07 novembro 2006

a morte do meu melhor amigo


“Não estou aqui para lamentar a morte de um jovem de 23 anos que sofreu por ter câncer; nem para lamentar a morte de um estudante de agronomia ou de um diácono da nossa igreja, não estou aqui para lamentar a morte de um estranho, estou aqui para lamentar a morte do meu irmão. E eu lamento a morte do Lelê. Pra quem não sabe, o Lelê era o meu melhor amigo e eu o amava."

É muito difícil perder um amigo.
É muito difícil.
Uma dor que sinto nas juntas.
Um lamento que não tem consolo nem solução.
Um lamento profundo e impotente.
Eu não posso mais dizer que “nunca senti na pele a dor gemida” porque escrevo entre gemidos, entre fôlegos pesados.
Eis “uma perda próxima demais”.
Um lamento insistente e eu sei que permanecerá por muito tempo ainda.

Queria registrar algumas cenas marcantes:
- Ver os amigos carregando o caixão
- Ver a igreja tão cheia, quando os jovens foram à frente para cantar não couberam e encheram os corredores laterais do templo
- Conseguir falar segurando o choro
- Ouvir a Jamille e o Daniel falarem
- Jony – “se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos”
- “se paz a mais doce me deres gozar, se dor a mais forte sofrer...”
- assistir o pedreiro fechar o túmulo
- voltar pra casa no carro em silencio

Temos que fazer valer a pena!
Eu tenho que fazer valer a pena.

O que mais me consola? - Perceber no choro e na expressão de alguns amigos a mesma tristeza que eu sinto. - Lembrar das nossas conversas.. “liz.. é muito bom que você veio aqui sabia?” ..” liz, dá pra você passar aqui na sexta a tarde?”, “aqui, lê aquele texto lá de novo.. “ (2Cor4...) ... “esse câncer não é para a morte, mas para a glória de Deus” ...

05 outubro 2006

eu sou egoista

é assim:
só eu e meus pensamentos
minha mente
minhas idéias
meus questionamentos
minhas interpretações

eu

em busca de uma afirmação rígida e integra
então percebo na amplitude dos vocábulos discretos
um apego ao íntimo e inibido
o tempo se desmanchando em preguiças e frustrações
em diálogos comigo mesma
nas leituras que afirmam a Sua presença constante
na ingenuidade dos pensamentos secretos
um aspecto leal
e proibido

ah Senhor!
quanto mais te vejo, mais me vejo
se te visse mais certamente eu seria menor
ensina-me a morrer
debruçar sob tuas verdades e morrer para mim mesma
quero trazer no meu corpo as marcas da presença maravilhosa de Jesus
que o meu “eu” seja degolado pelo Teu Espírito
que este seja em mim evidente

em campinas

03 agosto 2006

as minhas mãos

cortes e pequenas e cicatrizes
teve uma vez que quase perdi a minha unha
minhas mãos não estão cansadas ainda

agenda, lembretes, anéis e cutícula
meus dedos sobre o teclado
minhas mãos não estão manchadas

expresso, espanto, canto e manifesto
minhas mãos me são úteis
sinalizam quando necessário

sujas, estranhas e desproporcionais
pintinhas, calos, ligadas ao meu pulso
minhas mãos pulsam
as vezes me explicam
melhores do que minhas palavras

29 julho 2006

“E a paz de Cristo, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos.” Cl3.15

E a paz domine..

Impere
Governe
Determine
Seja juíza
Reine
Seja árbitra
Decida
Controle
Direcione

...em vossos corações

preciso aprender a reclamar menos

24 julho 2006

achei este poema sentado nos meus papeis

algumas perguntas nebuladas pela proximidade
outras afirmativas cortantes,
marcantes,
infiltrantes.
menos segurança por falta de assiduidade
menores medos formam montantes
algumas idéias abafadas pela pressa
aprofundamento dos excessos
menos, menorias, por favor, menores!
outras reações pacientes,
conscientes,
provenientes.
estamos todos um pouco perdidos
porque as coisas se complicaram tanto
as correções se retrairam em pranto
meditamos sós no meio dos grupos
maiores medos endurecem o tato
ora ouvir,
ora chorar.
algumas falas fogindo da comodidade
outras dúvidas entram em cena
menos vezes é assim,
menores sãos os dias,
realmente
vazios.

14 julho 2006

caminhando entre amigos

Eu posso,
Peraí...
Pode ser.
Não entendi?.
Mas acho que não estou legal.
Que cara é essa?
não, hoje não.
Tudo bem.
A gente não se encontra!
As vezes sinto falta de você.
As vezes choro.
Sinto falta sempre...
...Saudades
Queria te dar um abraço!
Que tal a gente tirar um cochilo?
Posso te ligar então,
Olha, se você quiser..
Sabia que eu te amo?
é..
Perdão?
Sim.
Não, nem sempre!
...Carinho
...Presença
Vamos juntos?
Vem comigo?
Ótimo!
Vamos continuar andando,
pelo menos até a próxima esquina

passadia abu2006

Jan e PhilCantoriaGustavo e Ingridmão da IngridLucas RolimmDaniel peixim :)RebecaBruno calouro do melhor curso.. GustavoLucas e FernandoJunioRebeca e André

reflexo, rua, cenário

21 junho 2006

noite

os dias não me incomodam
as noites me confundem
os silêncios não me entristecem
os diálogos ferem

todas as coisas são difíceis, já dizia o Eclesiastes,
e os homens não conseguem explicar nenhuma delas

(Vulgate) cunctae res difficiles non potest eas homo explicare sermone non saturatur oculus visu nec auris impletur auditu

mas os olhos não se fartam de ver
nem os ouvidos se enchem de ouvir

disponho, pois, o meu coração a perscrutar a Palavra do Senhor
só assim serei livre
o sábio interprete interpreta em ações
não em palavras apenas

15 junho 2006

pentecostes

lectio divina

Sentir inteira. Mãos e corpo e mente.
Não compor nenhuma frase.
Ecoar internamente o texto ouvido.
Absorver diferente. Será que vai ficar?
Medo.
Repassar.
Repassar.
Repetir palavras.
Escolher as que ecoam mais:
IRMAOS irmaos irmaos
LIBERDADE liberdade liberdade
usem usem USEM
CARNE carne carne
SIRVAM sirvam sirvam
LEI lei lei
RESUME resume resume
AME ame ame

Oh Deus tens misericórdia de mim.
Tu tens misericórdia!
És misericordioso.
Sou necessitada.
Eis a Tua fidelidade!
Eis a tua constancia!
Eis a minha podridão.
Eis o meu fracassso nas mãos de um Deus onipotente.

08 junho 2006

aquarelas

ssa técnica de pintura.. confesso que me diverti bastante e eis o resultado:

jogo de palavras

arte........................arquitetura........sustentável............poesia
representação......observação.........verde......................música
teatro....................dúvidas...............tentativas..............pensamentos
ação.......................piração................transpiração..........respiração
coletiva.................inseguraça..........perguntas................averiguação
social.....................traços..................horas........................olhares
estranhamento....curvas.................costas.......................olhos
saborear...............compasso............medos......................percepção
digerir...................mãos...................caráter....................conveniência
argumentar..........tato......................ética.........................estética
leitura...................sensibilidade.......humildade..............complexidade
ouvir.....................chorar..................reconhecimento....intrigante
mansidão..............postura...............honrar....................curiosidade
expressão............desenho...............braços.....................corpo
indentidade.........aquarela...............dedos......................todo
eu..........................belo......................anéis........................simbolo
diminuir...............sublime................melancolia..............solitude
consciência..........graça.....................arrependimento....sobriedade
simpicidade.........profundidade.......conversão..............eternidade
firmeza................relacionamento.....alicerçada..............rocha
virtude.................amor......................evangelho..............submissão
paciência..............fé...........................perseverança.........objetivo
processo..............dificuldade............fé..............................graça
fim.......................preço......................sangue....................Cristo
esperança...........vida........................circulação................grão
rea.......................abundante.............velocidade..............plantação
arte......................arquitetura............pré-moldade.........poesia

16 abril 2006

amanhecer

por que se queixa
enquanto correm as lagrimas nos seus pés
nos seus calos
na sua face
nos seus lábios vermelhos
nos seus cabelos?

por que a desolação te consome?
por que as mentiras te interrompem?
onde está o seu vigor?


ah! qual o seu consolo?
me diz qual é a diferença
entre a noite e o amanhecer?

embora o tenahm deixado,
as marcas das suas histórias
os lutos
os estupros
não podem ser esquecidos por ninguém

as fontes que jorravam parecem secas
e até as igrejas parecem sepulcros
vejo a verdade se calando muitas vezes

ah! mas persistem a esperança e o amor
eis a diferença do amanhecer
a misericórdia se renova

14 abril 2006

lucidez

o céu se dissipa calmamente em meio às confusões mentais
acabo de perceber a minha mania de interpretações

fixei os meus olhares nas suas afirmativas
sem deixar que você se assustasse comigo
falei um monte de coisas desconexas
assim a duvida pairava ao seu lado
e a ambigüidade fluía perceptivelmente de mim
AH!
essa falta de qualquer coisa me faz perder o foco

muitas vezes eu queria não ser tão desentendida
eu não deveria agir com tanta ingenuidade
não condiz com a minha cara
sou uma estranha mesmo

meus olhos castanhos acompanhavam sua voz tremula
minha pele parda expunha um olhar tímido
desnudo e verdadeiramente triste
sua timidez me constrangeu a ouvir em quietude
seus silêncios fizeram minhas pernas se sentirem fracas

de alguma forma eu sempre sou assim:
um pouco fraca e um pouco confusa

onde estão os preceitos que eu outrora aprendi?
por que não se encontram tão evidentes?

.

se chorei? mas, pelo menos fui sincera.

30 março 2006

compus chorando

erva que seca
como a petala
como o pó
vós que confiais em homens
todos homens
passarão
sempre errantes
sempre inconstantes
sempre sós

rasgai-vos a voz
vinde chorai
arrependei-vos
fazei soar o vosso pranto
vinde provai
e reconhecei

benditos vós
que chorais
que sereis consolados
vós humildes
que esperais firmes
no Senhor
sempre fortes
perseverantes
nunca sós

rasgai-vos a voz
vinde chorai
arrependei-vos
fazei soar o vosso pranto
vinde provai
e reconhecei

enquanto há tempo
enquanto é dia
enquanto há vida

18 março 2006

"..foi por te ver andando reto entre tudo que há de incerto em mim.."

Parece-me que as melhores músicas já foram escritas.